sexta-feira, 21 de maio de 2010

Família Porto - Candelária - RS



Valentes, bravos homens. Duros, talvez, mas os tempos exigiam. Depois de riscos, sacrifícios e canseiras de uma viagem longa de além-mar, a chegada em uma terra de ninguém, ocupada por tribos selvagens e esparsas, alguns soldados, constantes atritos entre espanhóis e portugueses, uma terra cobiçada. Entre lutas e revoluções foram criando raízes, adquirindo títulos, terras, família, sempre prontos para a qualquer momento, largar a lida e defender nossas fronteiras. Com eles nasceu a estância, foco de resistência, conquista de quem dedicou sua vida e entregou sua alma por esta terra. Amansaram o gado bravio que ruminava em torno de seus ranchos, pararam rodeio. Viviam no isolamento, longe da corte, em suas moradas rústicas, que abrigavam esposas resignadas e filhos que continuariam sua sina, levando no sangue sua bravura.

Apresentamos aqui a segunda etapa de um projeto que começamos em 2006, quando iniciamos nossa pesquisa genealógica. O objetivo é divulgá-la e buscar mais informações com outros membros dessa família. É como fazer uma colcha de retalhos. São fragmentos da história da família Porto desde sua chegada no Brasil. Uma família portuguesa que se confunde com a própria história do Rio Grande do Sul e da Candelária dos campos, de origem lusa, como sua terra mãe, Rio Pardo.

Leiam os textos e, quem sabe, encontrem algum familiar, algum parente distante. E se tiverem algo a complementar, deixem recados, contatem-nos. Um grande abraço.

Aline e Guto.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Capitão Mor Francisco Pinto Porto

Assinatura de Francisco Pinto Porto
em documento da Câmara de Rio Pardo

* Natural do Porto, Portugal, da Freguesia de São Pedro de Miragaia; 

* Filho de Francisco Pinto Porto e Josefa Maria

* Casou-se em Rio Pardo, RS, em 22/09/1811, com Luciana Francisca de Souza. Esta  filha de João Teixeira de Magalhães e Roza Joaquina de Souza. Era, antes, viúva do Capitão Francisco Antônio Gonçalves

Registro de Matrimônios 1809, Jul-1832, Nov  - Igreja Nossa Senhora do Rosário – Rio Pardo - RS




* Tiveram dois filhos, pelo que sabemos: Francisco Pinto Porto (Cel. da Guarda Nacional) e Joaquim Pinto Porto (formado em Direito em SP, juiz, advogado); 

* Francisco faleceu em Rio Pardo, em 03/05/1841, com 66 anos, de "enfermidade interna" e Luciana, também em Rio Pardo, em 03/10/1836. Consta que ambos faleceram em uma Fazenda na Costa de Camaquã; 

* Recebeu concessão de Sesmaria na Serra do Botucaraí, em 1814; 

* Mais tarde, tornou-se Capitão-Mor, comandante do Terço das Ordenanças de Rio Pardo. Possuía o cargo mais alto das Ordenanças. Coordenava as quatro companhias de Ordenanças que havia em Rio Pardo na época. Tendo importante atuação em 1828 na Guerra da Cisplatina, recrutando e enviando seus homens para ajudar o exército na defesa da fronteira.


PEQUENA BIOGRAFIA

    Sua primeira referência em Rio Pardo remonta ao ano de 18081, como comerciante. A partir daí, sua história e a desse antigo município gaúcho se fundem, visto que esteve ativamente presente na vida política, militar e social daquela comunidade, de maneira que, escrever sua microbiografia, significa percorrer o surgimento de Rio Pardo como cidade, bem como a participação do povo local na defesa das fronteiras do nosso país. 

Igreja Nossa Senhora do Rosário 
Rio Pardo - RS



Esteve presente no auto de criação da Vila de Rio Pardo2, em 20 de maio de 1811, ocasião em que houve o levantamento do pelourinho, coluna de pedra onde eram divulgados os editais públicos ou abertos os votos para escolha dos representantes da Câmara.

Rua da Ladeira, ou Rua Júlio de Castilhos - Rio Pardo - RS
Antes chamada Rua Direita, no antigo número 50,
ficava a Casa de Francisco Pinto Porto



    A Câmara Municipal de Rio Pardo, fundada naquele ato, assim como determinava, na época, as Ordenações Filipinas, exercia simultaneamente atividades administrativas, judiciárias e tributárias. Era dividida em dois grupos. O primeiro era constituído por juízes ordinários, três ou quatro vereadores, e um procurador, todos cargos eletivos e com direito a voto, que, embora não remunerados, possuíam certo grau de prestígio. Já o segundo grupo, era composto por juízes vintenários, juízes almotacés, juiz de órfãos, tesoureiro, escrivães, porteiro e carcereiro, dos quais apenas o juiz de almotacé não era remunerado3


Cadeiras que pertenceram à Câmara de Rio Pardo
Expostas em museu

Fonte: Gazeta do Sul, Santa Cruz do Sul,  ano 77, nº 193
página 11, 08/09/2021


Destes cargos, Francisco Pinto Porto foi por quatro vezes Juiz de Almocacel (ou Almotacé), em 18114, 18135, 18143, e 18233; Juiz Ordinário, em 18176, ocasião em que não assumiu, tendo renunciado em favor de seu parente Capitão Caetano Coelho Leal, casado com uma prima de sua mulher, eleito também na mesma legislatura, pois havia proibição em lei de exercício conjunto do mesmo cargo por parentes;  vereador em 18157, 18228 e 18339; e procurador, em 18153, bem como eleitor, nos anos de 18193, 182410, ano em que já era Capitão-Mor, e 18263

O sistema utilizado em Rio Pardo para eleição desses cargos era o de pelouros, instituído em 1391, por D. João I, e seguido até quase o final do Antigo Regime. Consistia na eleição de seis indivíduos, os eleitores, aos quais competia escolher os futuros oficiais da câmara. Esses seis eleitores, anteriormente escolhidos em uma sessão conjunta da câmara e dos chamados “homens bons”, separavam-se em duplas, e elaboravam as listas com os nomes daqueles que ocupariam os cargos da câmara nos três anos seguintes. Cada lista era colocada dentro de um pelouro - pequenas bolas de cera - e, posteriormente, dentro de um saco, depositado em um cofre. O sorteio era realizado por uma criança, que retirava um pelouro de cada compartimento3.

À exceção dos vereadores, os demais eleitos necessitavam de uma confirmação do ouvidor da comarca, a “carta de usança”, para então poder entrar em exercício. Segundo Schmachtenberg, “ocupar os cargos da câmara era uma forma de distinção e enobrecimento, garantido apenas aos ditos 'homens bons'”.  Neste sentido, “homens bons” eram aqueles pertencentes à nobreza da terra, comerciantes, negociantes, estanceiros e militares, ou seja, a elite rio pardense, dentre os quais, grande parte, como é o caso de Francisco Pinto Porto, indivíduos que ocupavam os principais cargos da câmara municipal, formando o grupo de cidadãos3

Mesmo sem remuneração, os juízes de almocacés, eleitos em pares para mandato de três meses, eram cargos importantes, visto que representavam autoridade no município. Sua finalidade  não era simplesmente regular pesos e medidas, mas garantir o abastecimento e policiamento do mercado urbano, uma vez que controlavam a produção e distribuição de alimentos, zelavam pela limpeza e manutenção das cidades. Para tanto, eram investidos de autoridade jurisdicional, uma vez que a eles competia aplicar sanções aos infratores, com base no código de posturas da câmara. Tais penas poderiam ser multas, ou mesmo prisões e açoites3.  

A ação dos juízes de almocacés na fiscalização do espaço urbano se dava por meio de corridas ou correições, e eram feitas, salvo raras exceções, em duplas. “Antes de saírem para fazer as corridas e as correições, era 'pregado' junto à Câmara edital notificando a todos os comerciantes da vila que deveriam ter suas licenças preparadas, manter as portas dos seus estabelecimentos abertas e asseadas, as mercadorias, os pesos e as medidas prontos para serem fiscalizados”3. Nesse sentido, Francisco Pinto Porto que, como referimos anteriormente, foi Juiz de Almocacel por 4 mandatos, fez 4 corridas, e dez condenações.
Em pesquisa ao Arquivo Histórico do Município de Rio Pardo, no Livro de Registro da Almotaçaria,  número 5, de 1811/1828, encontrou-se registro de uma dessas corridas efetuadas por Francisco Pinto Porto, juntamente com Manoel Pereira de Carvalho, em 16/12/1811, que resultou na condenação de Francisco José Vianna em três mil réis, por ter vinho azedo. Também outros dois indivíduos foram condenados naquela mesma data, um por não ter na taverna asseio devido e outro por não possuir licença para funcionar. 

Arquivo Histórico de Rio Pardo - RS


De sua atuação, podemos perceber uma certa organização do comércio local, da cidade de Rio Pardo em si, semelhante ao que ocorre hoje pelos fiscais municipais, inclusive com a obrigação dos estabelecimentos possuírem licença para funcionar. 

No que se refere à sanção pelo descumprimento, a multa era medida inicial que, caso houvesse reincidência, poderia levar à prisão por trinta dias, e a impossibilidade de exercer novamente o ofício3

1- LAYTANO, Dante de. Origem da Propriedade Privada no Rio Grande Do Sul”, Martins Livreiro, Porto Alegre, 1983.

2- ARQUIVO HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE RIO PARDO – Livro de Atas da Câmara de Vereadores de Rio Pardo –  Livro nº 271 – ano 1811 -  página 3 (verso), 4 e 5. - “Auto de criação desta nova villa do Rio Pardo e levantamento do Pelourinho”.

3- SCHMACHTENBERG, Ricardo. “A ARTE DE GOVERNAR: Redes de poder e relações familiares entre juízes almotacés na Câmara Municipal de Rio Pardo / RS, 1811 – c.1830”. São Leopoldo, 2012. Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS.

4 - ARQUIVO HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE RIO PARDO – Livro de Posse e Juramentos, Livro número 2 de 1811/1847, página 6 – Pesquisa realizada em 31/10/2007, in loco.

5- ARQUIVO HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE RIO PARDO – Livro de Posse e Juramentos, Livro número 2 de 1811/1847, página 19 – Pesquisa realizada em 31/10/2007, in loco.

6- ARQUIVO HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE RIO PARDO – Livro dos Termos de Eleição número 1, de 1811/1828, página 8 verso – Pesquisa realizada em 31/10/2007, in loco.

7- ARQUIVO HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE RIO PARDO – Livro Atas da Câmara, 1811/1818, página 66 verso – Pesquisa realizada em 31/10/2007, in loco.

8-  ARQUIVO HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE RIO PARDO – Livro dos Termos de Eleição número 1, de 1811/1828, – Pesquisa realizada em 31/10/2007, in loco

9- ARQUIVO HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE RIO PARDO – Livro de Posse e Juramentos, Livro número 3 de 1811/1847, página 28 – Pesquisa realizada em 31/10/2007, in loco.

10- ARQUIVO HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE RIO PARDO – Livro dos Termos de Eleição número 1, de 1811/1828, página 16 – Pesquisa realizada em 31/10/2007, in loco.



As Ordenanças e a Guarda Nacional

Por volta de 1825, a organização militar no Brasil se dava através de três instituições armadas, com funções distintas: o Exército, as Milícias e as Ordenanças. Tal estrutura manteve-se até 1831, quando as milícias e as Ordenanças foram extintas e se criou a Guarda Nacional2.

O exército, ou 1ª linha, era uma estrutura profissional, regular, paga e vinda do reino. As milícias, ou 2ª linha, eram consideradas uma força reserva, ficando disponíveis para as necessidades ocasionais, sendo requisitadas a qualquer momento para auxiliar o exército. Em raros casos eram remunerados. Enquanto que o recrutamento das pessoas que serviam na 1ª linha atingia um grande grupo social, conforme a lei de recrutamento de 1822 - todos os homens brancos solteiros, pardos, libertos, contando com idade de dezoito a trinta e cinco anos, milicianos impropriamente alistados ou que não tivessem se fardado ou que subsistissem de uma indústria ilegal, bem como caixeiros de lojas de bebidas e tabernas, todos podendo ser recrutados para o exército – o recrutamento para a 2ª linha, as Milícias, envolviam indivíduos que eram isentos do serviço do exército2.

Vale destacar também que não havia uma divisão rígida entre isentos e não isentos do serviço militar, visto que muitas vezes em uma mesma família pode-se encontrar indivíduos em ambas condições. Isso porque, alguns eram isentos do recrutamento da 1ª linha porque se incluíam em uma série de condições determinadas por aquela mesma lei, como por exemplo estudantes que apresentassem atestados de seus professores comprovando sua aplicação, irmãos que fossem responsáveis pelo sustento e educação de órfãos, filhos únicos de viúvas, etc2.

Além do que, os milicianos não estavam todo o tempo diretamente ligados a atividades militares, e quando atuavam, o faziam basicamente dentro dos limites das localidades onde viviam; diferentemente do exército, que poderia ser enviado a qualquer tempo para onde fosse necessário sua atuação. Entretanto não significa dizer que aqueles não poderiam ser enviados a outras localidades quando se fizesse necessário, mas sim que primeiramente seriam enviados o exército e, somente após esse e se fosse preciso, as forças milicianas seriam chamadas2.

Já as Ordenanças, compostas por moradores, povoadores e sesmeiros, que deixavam seus trabalhos para acudir às necessidades militares, eram uma força semi-regular, não profissional, de 3ª linha, empregadas nos depósitos de recrutas das tropas de 1ª e 2ª linhas2.

Neste contexto, Francisco Pinto Porto, em 1822, por ocupar o posto de Capitão-Mor de Ordenanças em Rio Pardo, “devia ter um perfil de um homem com mais de quarenta anos que tinha servido nas Milícias por cerca de vinte e cinco anos e era considerado pela Câmara Municipal de Rio Pardo uma pessoa das mais idôneas. Eram estas as determinações para o suprimento deste posto, assim como o de Sargento-mor e Capitães”2, conforme descreve Ribeiro em seu estudo sobre Milicianos e Guardas Nacionais da primeira metade do século XIX. Na verdade, tinha ele 47 anos, conforme pode-se apurar mais tarde, em seu registro de óbito na cúria de POA; comprovando, assim, o pensamento do autor. Ele possuía o cargo mais alto das Ordenanças. Coordenava as quatro companhias de Ordenanças que havia em Rio Pardo na época.

Cabia aos Capitães Mores como comandante do terço das Ordenanças, manter a ordem e a convivência nas localidades, principalmente no que se refere aos grupos considerados de risco (forros e homens brancos livres e pobres). Para tanto, uma estratégia era recruta-los como militares; outra era a repressão pura e simples de todo e qualquer evento que, então, se configurava como desordens: o ataque a quilombos, a captura de presos foragidos, de soldados desertores, a prisão de criminosos, as providências contra as invasões de engenhos pelos gentios, etc1.

Quanto ao papel das Ordenanças na feitura de soldados, pode-se afirmar que aos Capitães-Mores cabia elaborar listas constantemente atualizadas com a descrição de todos os habitantes da localidade militarmente úteis. Em tais listas, deveriam ser descritos todos os moradores obrigados às Ordenanças, constando nome, sobrenome, idade, domicílio, número de filhos varões e suas respectivas idades1.

O contexto histórico das primeiras décadas do século XIX – a vinda da família real ao Brasil em 1808, a independência do Brasil em 1822, a primeira constituição em 1824 – fez surgir um sentimento nativista dos brasileiros em oposição aos portugueses nativos. Os choques entre nacionais e lusos aumentaram com a abdicação de Dom Pedro I, em 7 de abril de 1831, o que levantou a preocupação com a manutenção da unidade do Império e da nova ordem instaurada com a regência2. Os nacionais exigiam pela reparação por parte dos comerciantes lusitanos da exploração econômica da época colonial e pela suspensão da entrada de portugueses no país por dez anos. Enquanto que os lusitanos realizavam manifestações públicas dando vivas ao Imperador que abdicara2.

Acrescentando-se a isso a insubordinação do Exército - formada de negros, mulatos, homens pobres, indivíduos, na maioria dos casos sem nenhuma qualificação profissional, embora brasileiros, vistos com desconfiança pelos demais segmentos da sociedade – cujos comandantes ocupantes de altos postos eram estrangeiros, o que gerava temor diante da possibilidade de as forças armadas insurgirem contra o Governo, surge a necessidade de se criar uma alternativa para os problemas da manutenção da ordem e, com isso, a manutenção da unidade nacional. Neste cenário, aprova-se a criação, em 18 de agosto de 1831, da Guarda Nacional2.

A Guarda Nacional foi uma instituição de caráter civil, formada por cidadãos eleitores e seus filhos, para atuar de forma a sustentar as forças políticas que assumiram o governo do Império2. Conforme estipula o artigo 1º da Lei de 18/08/1831: “As Guardas Nacionais são criadas para defender a Constituição, a liberdade, independência e a integridade do Império; para manter a obediência às Leis, conservar ou restabelecer a ordem e a tranqüilidade pública; e auxiliar o Exército de Linha na defesa das fronteiras, e costas”3.

A subordinação da Guarda Nacional era aos Juízes de Paz, aos Juízes Criminais, aos Presidentes de Província e ao Ministro da Justiça, autoridades estas que poderiam requisitar seus serviços no caso de necessidade de auxiliar o Exército. Isso porque, Guarda Nacional e exército eram instituições em separado. Enquanto que a este se dava a defesa contra as ameaças estrangeiras, e era composto por estrangeiros e marginais de toda espécie, cabia a Guarda Nacional o controle do inimigo interno e nela somente deveriam ser alistados os indivíduos participantes da vida política do Império, ou seja, entre outros requisitos, deveriam possuir renda mínima de cem mil réis, valor este exigido pela Constituição de 1824 para ser eleitor. Em 1832, algumas alterações normativas foram feitas, sendo que uma delas estipulou que só poderiam ser eleitos oficiais os praças que tivessem uma renda superior ou igual a duzentos mil réis2.

Enquanto que os cargos de Coronéis e Majores da Guarda Nacional eram escolhidos pelo Governo, os demais cargos oficiais eram escolhidos em eleições que votavam todos os guardas nacionais para exercerem um posto pelo prazo de quatro anos. Isso se modificou mais tarde onde foi permitida a substituição das eleições por nomeações provinciais e, posteriormente, por indicação dos comandantes dos corpos2

 Referências Bibliográficas:

 1 Mello, Cristiane Figueiredo Pagano de. Artigo: “OS CORPOS DE ORDENANÇAS E AUXILIARES. SOBRE AS RELAÇÕES MILITARES E POLÍTICAS NA AMÉRICA PORTUGUESA”; 

 2 Ribeiro, José Iran. Quando o Serviço os Chamava: Milicianos e Guardas Nacionais no Rio Grande do Sul (1825 – 1845). Editora UFSM. Santa Maria: 2005. 304p. 

 3 CLI 1830-1831. Coleção das Leis do Império do Brasil (1830-1831).

Cel. Francisco Pinto Porto

Coronel Francisco Pinto Porto


Se a tua família é Porto de Candelária, certamente tu és descendente do Coronel Francisco Pinto Porto, que teve três esposas, e 26 filhos.

* Francisco Pinto Porto era filho do Capitão Mor Francisco Pinto Porto (+ 03/05/1841) e de Luciana Francisca de Souza (+ 03/10/1836);

* Casou-se em primeiras núpcias com Maria Leonarda (algumas vezes Lima) da Conceição, natural de Alegrete, com quem teve os seguintes filhos:

-> Luciana da Conceição Porto, casada em 02/08/1873, em oratório particular de seu pai, na Costa da Serra (denominação dada a Candelária, na época), com Francisco José Gomes Braga Filho (+ 29/10/1918);

-> Thereza;

-> Joaquim Pinto Porto Sobrinho (* 12/09/1846 + 05/06/1928), o Coronel Quinca Porto, casado com Emília Gomes Braga (* 11/12/1855 + 12/08/1920);

-> Angelina da Conceição Porto (* 05/05/1842 + 23/02/1899), casada com Ovídio Luís Machado (falecido em 29/12/1920, com 78 anos).

* Casou-se em segundas núpcias, no dia 27 de janeiro de 1855, com Clara Rodrigues Porto (algumas vezes Clara Luiza do Nascimento), falecida em 06/05/1884, filha de Manoel Rodrigues e Delfina Luiza do Nascimento. Tiveram os seguintes filhos:

-> Maria Luiza Porto (dos Santos), falecida aos 39 anos de idade,  no dia 12/04/1895, moradora do sétimo distrito de Cachoeira do Sul, ao qual pertencia o município de Cerro Branco. Casou-se em 17/09/1881 com Zeferino dos Santos e Silva, filho de Joaquim Manoel dos Santos e Silva e Clarinda Francisca da Silva;

-> Amália, nascida em 17/07/1868;

-> Anália Rodrigues Porto (* 07/10/1871 + 22/07/1931), casada com Antônio Vaz Ribeiro (+ 08/10/1941). Vide postagem sobre a família Vaz Ribeiro;

-> Cassiano Pinto Porto (+ 13/07/1915), casado em primeiras núpcias com Maria José da Cunha, e em segundas núpcias com Guiomar Correia Porto (+ 11/10/1932). Vide Postagem https://genealogiafamiliaporto.blogspot.com/2010/05/cassiano-pinto-porto.html ;

-> Emília Porto dos Santos, casada com Luis Manoel dos Santos (+ 26/09/1921);

-> Delfina do Nascimento Porto, falecida aos 81 anos, em 11/09/1937. Casou-se em 21/06/1884 com Eloy dos Santos Silva, filho de Joaquim Manoel dos Santos e Clarinda Francisca da Silva;

-> Maria Estelita Porto, falecida aos 84 anos de idade, no dia 27 de agosto de 1960, casada com seu sobrinho Francisco Pinto Porto Netto (+ 05/08/1945);

-> Manuel Pinto Porto nascido em 10/10/1874, casado com Luiza da Conceição Porto

-> João Baptista Porto (* 05/10/1873 + 09/07/1944), casado com sua sobrinha Maria Delphina Porto (* 07/09/1876 +01/07/1947). Vide postagem: https://genealogiafamiliaporto.blogspot.com/2010/05/joao-baptista-porto-e-maria-delfina.html ;

-> Júlio Pinto Porto (* 05/02/1967 + 22/12/1943), casado com Maria Aldina Porto;

-> Rita Rodrigues Porto (* 10/06/1865 + 15/09/1935), casada em 05/01/1889 com Joaquim Pedro Machado;

-> José Pinto Porto, falecido em 04/04/1920, com 57 anos. Casou-se primeiramente com sua sobrinha Maria Aldina da Conceição Machado (* 12/06/1867 + 30/12/1900), em 05/07/1886. Casou-se depois com Alice Ritzel Porto (* 27/10/1883 + 14/02/1963);

-> Honório Rodrigues Porto, falecido aos 66 anos de idade em 27/04/1930, residente no Rincão Comprido. Casou-se em 25/12/1909 com Feliciana de Almeida Couto (* 21/01/1888 + 20/11/1961). Também fora casado com Carmelina Rodrigues Porto;

* Teve um relacionamento extraconjugal com Amabelia Guedes da Fontoura,nascida em Cachoeira do Sul, falecida aos 83 anos de idade, em Candelária, na data de 05/02/1931, filha de Francisco Fontoura e Francisca Quirina Guedes. Tiveram os seguintes filhos:

-> Luciana da Fontoura Porto, morreu aos 25 anos de idade, em 14/01/1912, por envenenamento. Fora casada com Afonso Rodrigues Machado, falecido aos 10 dias de maio de 1909, filho de Modesto Rodrigues Machado e Thomazia Joaquina dos Santos, tendo sido causa da morte homicídio;

-> Fernando da Fontoura Porto (* 22/08/1882 +15/07/1966), casado com Ubaldina Soares de Moura (falecida em 02/06/1978, aos 88 anos), filha de Serafim José de Moura e Joaquina Soares de Moura. Ubaldina foi sepultada no cemitério dos Silveira, no Rincão do Cedro, interior de Candelária. Não deixaram descendentes;

-> Francisca da Fontoura Porto (* 16/04/1880 + 09/10/1970), casada com Felippe Pereira Nunes;

-> Maria do Carmo da Fontoura Porto, falecida aos 72 anos de idade, no dia 24 de janeiro de 1953. Residia em Cachoeira do Sul, e fora casada com Eloí Cândido. Tiveram seis filhos adotivos;

->  Delfina da Fontoura Porto;

-> Izolina da Fontoura Porto (* 13/02/1877 + 25/04/1895), faleceu de Tipho, casada com Miguel Valentim da Fontoura Motta. Tiveram a filha Izaltina da Fontoura (* 26/11/1894);

-> João Antônio da Fontoura Porto, nascido em 09/08/1875, foi assassinado em frente da casa de Simplício dos Santos Moraes na data de 15/06/1902, e não deixou descendentes;

-> Aníbal da Fontoura Porto (* 05/05/1885), falecido aos 13 anos de idade, ao cair do cavalo em 09/02/1899;

-> Carlos da Fontoura Porto (* 13/08/1881 + 25/03/1950), Vô Caloca. Casou-se em 22/04/1909 com Francisca Tavares Freire (* 29/10/1887 + 02/03/1976). 

No início de nossa pesquisa, tendo em mãos a certidão de casamento dos meus bisavós paternos (Carlos da Fontoura Porto e Francisca Tavares Freire), até então o topo da minha árvore, observei que constava apenas o nome da mãe dele (Amabelia Guedes da Fontoura). Isso levou-nos a questionar de onde surgiu o sobrenome Porto que ele carregava. Sabíamos através de relatos de familiares que ela (Amabelia) era “amante” de um coronel. Uns afirmavam que seria o Cel. Joaquim Pinto Porto Sobrinho e outros que seria o Cel. Francisco Pinto Porto. A única informação comum a todos era que ele estaria sepultado no cemitério do Pinheiro. Como sabíamos que o Cel. Joaquim Pinto Porto Sobrinho estava enterrado no cemitério católico de Cerro Branco, descartamos essa hipótese. Não conformados com o fato de aparecer apenas o nome da mãe em seu registro de óbito, fomos até o Registro Civil de Candelária pedir a certidão de nascimento do Carlos. Não sendo possível, pedimos a certidão de óbito. Tamanha foi nossa surpresa ao perceber que nesta constava o nome de seu pai: Francisco Pinto Porto. Em seguida, visitamos o cemitério do Pinheiro e encontramos a sepultura do Cel. Francisco. Pela data de falecimento pedimos no registro civil sua certidão de óbito. De posse desta obtemos mais informações sobre ele. Um fato curioso é que, segundo o registro, ele faleceu, viúvo, em domicílio de Amabelia Guedes. Francisco, em testamento, reconheceu os filhos com Amabelia.

 

Lápide da sepultura do Cel Francisco Pinto Porto
Cemitério da Costa, Pinheiro, Candelária - RS

 

* Em sua lápide lia-se: "Aqui repousa os restos mortais do Cel. Francisco Pinto Porto, nascido a 5 de janeiro de 1814 - fallecido a 30 de agosto de 1893. Tributo de gratidão e saudades de seus filhos."

* Francisco foi Coronel da Guarda Nacional, e uma grande Liderança na Costa da Serra. 

Por Decreto, de 21 de novembro de 1866, foi nomeado Francisco Pinto Porto para “tenente-coronel commandante" do corpo n. 22 do Rio Pardo, tendo sido dispensado em 21/09/1868. 

Cassiano Pinto Porto

Durante nosso primeiro flog, que acabou saindo do ar, tivemos contatos com várias pessoas que acabaram por enriquecer nossa pesquisa. Uma dessas, foi Cyaldino Inda, que nos cedeu esta foto e alguns dados. Tal foto mostra Cassiano Pinto Porto, sua esposa e uma criança. 

* Cassiano Pinto Porto era filho do Cel. Francisco Pinto Porto e Clara Rodrigues Porto

* Casou-se, pela primeira vez, com Maria José da Cunha Porto (filha de Vasco Xavier da Cunha e de Maria Carolina Cunha) em 28/10/1881, em oratório particular, em Rio Pardo. Tiveram os seguintes filhos:

-> José Pinto Porto Sobrinho, nascido a 07 de fevereiro de 1883, e falecido em decorrência de hemorragia interna, causada em conflito, no dia 09 novembro de 1917. Fora casado com Rozalina Sperb Porto, com quem teve três filhos.

-> Maria Carolina Porto, nascida em Rio Pardo, a 4 de setembro de 1884, e falecida em Candelária no dia 11 de setembro de 1907, de problemas no parto. Era casada com Alípio Inda, com quem teve a filha Isaltina Inda, falecida no ano seguinte à morte de sua mãe, com quatro meses e vinte e quatro dias de idade, em 04/02/1908. 

-> Izaltina Diamantina Porto, nascida a 08 de julho de 1887, em Rio Pardo. Com a morte de sua irmã Maria Carolina no parto, deixando a filha Isaltina, para que essa criança não fosse levada embora, casou-se com seu cunhado, Alípio Inda, e mais tarde foram morar em Paso de los Libres.

-> Clara Rodrigues Porto, faleceu às 7 horas da noite do dia 23 de fevereiro de 1889, em casa do Cel. Franscisco Pinto Porto, com três anos de idade. Foi causa da morte angina no peito.

-> Vasco Pinto Porto, nascido a 06 de junho de 1890;

-> Arthur Pinto Porto, nascido a 11 de dezembro de 1891, e falecido de disenteria em 07 de março de 1893;

-> Heitor Pinto Porto, falecido de morte natural, com 30 anos e 5 meses, no dia 30 de setembro de 1926. Fora casado com Leontina da Conceição Porto (nascida em 10/12/1893, filha de José Pinto Porto e Maria Aldina da Conceição Machado), portanto casamento de Porto com Porto mais uma vez, Heitor e Leontina eram primos. Tiveram os seguintes filhos: Geny Pinto Porto; Ildefonso Pinto Porto; Suely Pinto Porto;

-> João Carlos Pinto Porto;

-> Emília Pinto Porto;

-> Rosalina Pinto Porto;

-> Anália Pinto Porto;

-> Aparício Pinto Porto, falecido com doze dias de idade, de "mal de sete dias", em 05/02/1889;

-> Ildefonso Pinto Porto, caixeiro, falecido de Tifo,  com 14 anos de idade, em 27/10/1907.

 * Casou-se, pela segunda vez, com Guiomar Correa Porto filha de Francisco de Paula Correa e de Alexandrina Antonia Correa, falecida aos 42 anos, 3 meses, e 11 dias, em 11/10/1932. Tiveram três filhos: 

-> Briolandy Correa Porto (* 12/11/1911 + 11/05/1996) casada com Francisco Rodrigues Correa. Tiveram os filhos Davi, Lauro, Eva, Milton, Nilton, Igno, Danilo, Jurema e Maida;

->  Clara Amantina Porto casada com Gomercindo Rodrigues da Rocha;

-> Euclydes Athaydes Porto, casado Iracema de Moura Porto.


 * Cassiano faleceu em 13/07/1915, em Rio Pardo.

* O jornal "A Federação", de 21 de junho de 1893, referiu Cassiano como um dos chefes da Força Federalista na Costa da Serra, estando no dia 15 de junho daquele ano reunido com cento e poucos homens. De onde tiramos que ele era maragato, tendo lutado na Revolução Federalista de 1893. 

Coronel Quinca Porto

Jazido do Cel Quinca Porto
Cemitério Católico de Cerro Branco - RS



O Coronel Joaquim Pinto Porto Sobrinho, o nosso saudoso "Quinca Porto", nasceu em 12/09/1846, e faleceu em 05/06/1928, e era “filho do Cel. Francisco Pinto Porto, de quem herdou vasta extensão de terras. Possuía um pinhal no distrito de Palmital, onde residiu por algum tempo. Herói da guerra do Paraguai. Foi um grande líder federalista aqui na Costa da Serra, exercendo uma influência muito positiva”. (Aristides Carlos Rodrigues, Candelária, sua gente e sua história, 1993).

Também segundo Rodrigues, participou da comissão nomeada em 1880 pelo então presidente da província, encarregada da construção das obras da Igreja Nossa Senhora da Candelária, devido ao seu grande prestígio na região. Outra informação obtida nesta obra, é a de que foi um dos fundadores e membros da loja maçônica Luz e Virtude em Candelária-RS. 

Coronel Quinca com sua esposa e demais
 familiares em frente a sua residência



Em pesquisa no Arquivo Histórico de Rio Pardo, encontramos uma reportagem datada de 16/04/1956, no jornal de Rio Pardo, ano V, com Epaminondas Pinto Porto Filho (neto do Quinca), onde ele conta que o Cel. Quinca Porto era natural de Rio Pardo. Ao alistar-se foi incorporado como praça rasa, porém como gaúcho que era soube ser valente e honrar o nome de Rio Pardo. Tendo galgado apenas por ato de bravura, partindo do posto de soldado até alcançar o posto de coronel. Aliás, um dos casos inéditos na Guerra do Paraguai. O jornal estampa uma foto sua. 

Lutou na Batalha de Lomas Valentinas,  ocorrida nos dias 21 e 27 de dezembro de 1868, no Departamento Central do Paraguai, compondo o 1º Corpo Provisório de Guardas Nacionais, ocasião em que se feriu em batalha, conforme "Ordens do Dia, Conde D'Eu, Rio de Janeiro, 1877".

A Guerra do Paraguai durou de 1864 a 1870, e colocou Brasil, Uruguai e Argentina (a tríplice aliança) como aliados contra o Paraguai. A referida batalha de Lomas Valentinas, liderada pelo Marquês de Caxias, foi a principal das ocorridas na chamada "dezembrada" - sucessão de batalhas que aconteceram durante a Guerra do Paraguai, com participação da Tríplice Aliança em combate ao exército do ditador paraguaio Solano López, em dezembro de 1868.

Naquela batalha, o Exército Paraguaio, liderado pelo Ditador Solano Lopez, não resistiu às investidas das tropas brasileiras, resultando na fuga do ditador e seus generais. 


Quinca se casou no dia 28/06/1873 com Emilia Braga Porto (Filha de Francisco José Gomes Braga, de Portugal, e de Delphina Loureiro Braga, deste Estado), nascida em 11 de dezembro de 1855 e falecida em 12 de agosto de 1920. 

Joaquim e Emília tiveram os seguintes filhos:

Francisco Pinto Porto Neto, falecido em 05/08/1945, aos 68 anos, em sua residência, na "Estância Velha", local em que foi sepultado. Fora casado com Maria Estelita Porto.

- Maria Delfina Porto (* 07/09/1876 + 01/07/1947), casada com João Batista Porto (*15/11/1874 +09/07/1944).

- Letícia Arlinda Porto (* 09/02/1881 + 01/05/1940), casada com Osório Machado Teixeira (* 03/05/1878 + 08/08/1942) em fevereiro de 1925.

- Minelvina Turquina Porto (* 13/11/1883 + 14/10/1952), casada com Sílvio Correa Pinto (* 10/06/1880 + 10/05/1960) em fevereiro de 1925.

- Alice Diamantina Porto (* 10/04/1891 + 20/01/1941), casada com Ovídio Pinto Porto.

- Alcides Pinto Porto (09/09/1887 + 29/02/1908), solteiro.

- Apparício Pinto Porto (* 01/03/1895 + 08/01/1959), casado com Dorvalina Crecina Porto.

- Favorino Pinto Porto (* 01/07/1892 + 16/05/1928), casado com Eva Braga Porto.

- Epaminondas Pinto Porto (* 18/06/1885 + 08/08/1965), casado com Eduvirges Fernandes Porto (* 19/05/1884 + 18/11/1975).


Nesta última foto temos o Cel. Quinca
 com sua esposa Emília (sentados
 em frente à porta) com demais familiares.





Draia e a Invasão Maragata em Candelária

O fato que contaremos a seguir demonstra a bravura desses homens que sempre estiveram envolvidos em lutas, guerras e revoluções por este imenso pampa gaúcho. Tal qual o Capitão Rodrigo Cambará, célebre personagem da saga escrita por Veríssimo, os homens da família Pinto Porto, acostumados com as peleias que participaram, desde o Capitão Mor Francisco Pinto Porto, o Coronel Francisco Pinto Porto, o Coronel Quinca, passando gerações, ficavam inquietos e entediados quando por essas bandas o vento soprava calmo.

Foi na primavera de 1926, pouco tempo após o término da sangrenta revolução de 1923, quando os ânimos entre maragatos e chimangos ainda estavam exaltados, e usar lenço vermelho ou qualquer veste nesta cor era desaconselhável, em uma tradicional corrida de cavalos (as corridas de carreira) no Faxinal dos Porto, interior de Candelária, que se passa essa história.

Waldemar Pinto Porto, o “Draia”, então com 21 anos, usando lenço colorado, julgava a corrida de cavalos quando foi surpreendido por sete irmãos da família Cunha e mais um inimigo, a tiros de revólver e golpes de adaga. Em uma época onde todos andavam armados, pode-se imaginar o entrevero que isso gerou. Estampidos de revólveres, relinchos de cavalo, gritos de “ala pucha!”. Mulheres e crianças trataram de correr e se abrigar.

Um amigo de Draia levou um tiro no meio dos dedos da mão e outro que entrou pelo mamilo e saiu às costas, mas não morreu. Montado em seu cavalo baio, sacando seu revólver calibre trinta e dois, enfrentou os atacantes disparando as únicas três balas que possuía. Conseguiu quebrar o braço de um dos Cunha. Outro também caiu, ficando com a bota presa no estribo, sendo arrastado pela montaria. Um cunhado de Draia, Heitor Pinto Porto, foi ajudar e tombou com uma facada, morrendo estrebuchado.

A peleia só acabou quando vários parentes dele dispersaram os Cunha. Draia não se feriu, embora seu rosto ficasse chamuscado de pólvora e seu cavalo morto por um balaço.

Após o ocorrido, o intendente de Candelária, coronel Albino Lentz, investigou o caso e resolveu incriminar Draia e os irmãos Cunha. Os Pinto Porto, que nunca abdicaram do lenço vermelho e dos ideais federalistas, desconfiavam que o coronel Lenz, nomeado no ano anterior pelo governador Borges de Medeiros, estava fazendo novas retaliações aos maragatos. Além disso, os Pinto Porto não podiam entrar na cidade sem serem antes desarmados, em uma época onde era comum portar revólveres de cano longo, facões, adagas na cintura.

Por essas e outras, Draia hesitava em depor na delegacia. Seu sangue revolucionário ferveu quando soube que a família Cunha havia prometido 11 votos ao coronel Albino Lentz, nas próximas eleições, se recebesse proteção no processo.

Quando os Pinto Porto já esquentados com a situação, começavam a azeitar os mosquetões, guardados em seus porões (por essas bandas eles não chegavam a ganhar pó), apareceu em sua casa Sérgio Ventura da Rocha, chefe maragato de Cachoeira do Sul, dizendo-se representante de um grande caudilho da Revolução de 23, José Antônio Neto (o Zeca Neto). Ventura sugeriu a Draia que não se apresentasse à polícia, e que mandaria reforço para dar uma “escaramuça em Candelária” e “dar um galope” no intendente. Foi o empurrão que faltava.

Foi então que, na noite de 25 de dezembro, 19 maragatos – entre eles Draia, seu peão Hilário, Fernando Porto (tio de Draia), João Carlos Porto (irmão de Heitor, morto durante a briga na corrida de cavalos) – partiram do Faxinal dos Porto para tomarem a cidade na manhã seguinte. Os moradores, atônitos, foram acordados com o barulho das patas dos cavalos na rua de chão batido. Alguns tomavam seu chimarrão matinal, como de costume, quando ouviram brados e tiros de revólver.

O grupo sitiou o prédio da Intendência. A guarda do presídio municipal, junto a intendência, fugiu apavorada. As celas, onde haviam dois presos, entre ele Cassiano Pinto Porto, que havia matado João Antônio de Moura, por questões de honra familiar, foram abertas. Draia contou a Zero Hora, em uma reportagem feita por esse jornal em 1926, intitulada “A Ocupação de Candelária pelas tropas maragatas”, que “durante do sítio, por simples fanfarrona, obrigou o intendente a atravessar o rio pardo apenas de ceroulas”.

A ocupação de Candelária durou pouco mais de um dia, mas já se contavam 41 maragatos reunidos. O Intendente Albino Lentz, não se dando por vencido, requisitou um pelotão da Brigada Militar de Porto Alegre, de onde vieram 150 homens armados até os dentes, dando fim ao sítio e dispersando os maragatos.

Aconselhado por seu tio Francisco Pinto Porto Neto, filho do Cel. Quinca, e por seu avô Oswaldo Ritz, Draia se aquietou em casa. Mais tarde, tendo sido pego pelo Intendente e mais 13 policiais – um deles tendo dito “agora botamos a mão no queixinho dos Porto” – cumpriu 20 dias de prisão na antiga Casa de Correção de Porto Alegre.

Fonte: Zero Hora. "A Ocupação de Candelária pelas tropas maragatas" Por Nilson Mariano. 12/02/1989.

Waldemar Pinto Porto (* 26/05/1905 + 14/10/1991) era casado com Maria S. da Silveira Porto (* 24/03/1904 + 04/11/1997) e filho de José Pinto Porto.

João Baptista Porto e Maria Delfina Porto

João Baptista Porto e Maria Delfina Porto


João Baptista Porto (* 15/11/1874 + 09/07/1944) era filho do Coronel Francisco Pinto Porto e de Clara Rodrigues Porto;

Maria Delfina Porto (* 07/09/1876 + 01/07/1947), casada com o Sr. João Baptista Porto, referido a pouco, fora filha do Cel. Joaquim Pinto Porto Sobrinho, o Quinca Porto, e Emília Gomes Braga. Eram, portanto, tio e sobrinha. 

* Ele foi vereador em Candelária, inclusive tendo presidido o poder legislativo, no período de 1935 a 1937;

* João e Maria tiveram os seguintes filhos:

-> Nelsinda Emília Porto ( *07/11/1906 + 24/04/1972), casada com João Maria Porto (* 05/05/1900 + 28/02/1983), o Tio Joca, este filho de José Pinto Porto (+  04/04/1920) e Maria Aldina Porto (* 12/06/1867 + 30/12/1900), que tiveram as filhas Emília Zoni Porto (* 12/08/1936 + 28/06/1972) e Eva Nesi Porto (* 24/09/1932 + 20/03/1966) , esta casada com Pio Pinto Porto;

-> Alcides Francisco Porto (* 30/09/1911 + 19/04/1957), casado com Doralina da Fontoura Porto (* 01/03/1911 + 27/07/1976), a Puduxa, que tiveram  o filho Juraci Jari Porto (* 23/09/1932 + 06/07/1989);

-> Adão Jayme Porto (Falecido em 02/07/1956 aos 57 anos, 4 meses e 11 dias), casado com Dylla Baierle Porto (* 30/04/1896 + 04/09/1973), esta filha de Gaspar Baierle e Malvina Baierle, e tiveram os seguintes filhos: 

- Cleto Nilo Porto (* 26/04/1923 + 23/06/2005), casado em 19/12/1946, com Elvira Noemia Ellwanger (* 01/05/1924 + 03/06/1998), filha de Affonso Jacob Ellwanger e Amanda Froming Ellwanger, e tiveram os filhos Clicério Valemir Porto, Tércio Juarez e Sérgio Jurandir
- Ivo Volmir Porto (* 21/07/1925 + 23/05/1990), casado em 28/07/1956 com Senilda Leonilda Porto (* 22/04/1927 + 08/09/1992), e tiveram as filhas Lisane Maria e Rosane Marli; 
- Plínio Alci Porto
- Opílio Alarico Porto (* 15/10/1931 + 01/03/2000), casado com Silvia Maria Kochenborger (* 15/08/1945), esta filha de Diloh Welmy Kochenborger e Thereza Kochenborger, e tiveram os filhos Cleia Lair, Adão Jaime e Gabriel Carlos;  
- Sadi Ari Porto (* 08/05/1937 + 12/05/1992), casado com Loreci Pereira Porto (* 17/03/1939).

Cemitério no Capão Claro, interior de Candelária

->  Iracélia Clara Porto, falecida em 18/09/1970, com 68 anos de idade, casada com Noredino Pinto Porto, falecido em 08/06/1964, filho de Francisco Pinto Porto Neto e Maria Estelita Porto, com quem não deixou filhos;

-> Dorvalina Erecina.




quarta-feira, 19 de maio de 2010

Vô Caloca e Vó Chica

“Ser não é ter sido ou apegar-se ao véio e às raízes dos avós - é ser a rama que brotaram deles para dar sombra aos que virão de nós.” (Apparício Silva Rillo). 

  * Foto dos meus bisavós Carlos da Fontoura Porto e Francisca Tavares Freire. Ele (Vô Caloca), nascido a 13 de agosto de 1881 em Candelária RS, fruto de um relacionamento extra-conjugal de Francisco Pinto Porto  com Amabelia Guedes da Fontoura. Temos com ele a origem do sobrenome Fontoura Porto em Candelária. Ela (Vó Chica), nascida a 29 de outubro de 1887, filha de Vergílio Tavares Freire (* 12/08/1860 + 27/03/1941) e Joaquina Luisa da Silva

 * Casaram-se em 22 de abril de 1909. Ela passou então a se chamar Francisca Tavares Porto. Residiam na localidade de Rincão dos Potros, neste município, onde hoje fica a Vila Fátima. Tiveram 12 filhos:

- Joaquina da Fontoura Porto que se casou com Percílio J. Da Silveira (* 14/10/1905 + 01/09/1970) e passou a se chamar Joaquina Porto Da Silveira, “tia quininha”;

Doralina da Fontoura Porto (* 01/03/1911 27/07/1976), a “Puduxa”, casou-se com Alcides Francisco Porto (*30/09/1911 + 19/04/1957, filho de Maria Delphina Porto e João Batista Porto  (==> casamento de Porto com Porto novamente);

Dorival da Fontoura Porto (faleceu em 25/02/1912, com vinte dias de idade, de tétano infantil);

João Carlos da Fontoura Porto (faleceu em 15/09/1913, com 5 meses e 26 dias de idade, de Enterite);

Alice da Fontoura Porto (*23/11/1914 + 16/11/2002), a “Tia Pequena”, casada em segundas núpcias com Frederico Carlos Molz;


Olistar da Fontoura Porto (* 15/03/1918 + 13/04/1987), o Guigo, casado com Leonita Porto (* 10/05/1926 + 02/10/1987), a "Tia Nita";

- Amalia da Fontoura Porto (faleceu em 14/03/1919, com nove dias de idade, de tétano infantil);

- Fredolino da Fontoura Porto (faleceu em 09/04/1920, com dois meses e um dia de idade, de influenza);

Valdemar da Fontoura Porto (* 18/02/1922 + 13/03/1978), o “Tio Portinho”, casado com Almerinda;


Alcides da Fontoura Porto (* 21/05/1924 + 22/08/2011), o “Sidoca”;

Heitor da Fontoura Porto (* 29/12/1925 + 02/08/2016), meu avô, já mencionado em outra postagem:  http://genealogiafamiliaporto.blogspot.com/2010/05/vo-zezinho-e-vo-laurinha.html ;

- e  Dorval da Fontoura Porto (* 22/09/1933 + 10/03/1995), casado com Almedorina da Silva Nunes (23/04/1933 + 10/10/1986);

* Vô Caloca faleceu em 25 de março de 1950, de insuficiência cardíaca, devido a extenose aórtica. Está sepultado no Cemitério Timbaúva em vila Fátima, junto de sua esposa, falecida em 02 de março de 1976, de insuficiência cardíaca congestiva. Ambos eram agricultores. Guto Porto